"Os capitais ariscos saíram em massa da Espanha nesta 6ª feira; a fuga refletiu-se em vendas maciças de ações que derrubaram em quase 6% a Bolsa de Madrid, mas também no salto dos juros pagos pelos títulos públicos, que romperam a fronteira de 7% na tentativa suicida de equilibrar uma equação fiscal insustentável. A direita espanhola reduziu o Estado a um apêndice dos mercados trazendo uma crise que era dos bancos e do setor privado para o coração das finanças públicas. Criou-se um país à deriva: o setor público se anulou e a esfera privada encontra-se em depressão, encalacrada em dívidas de longa digestão. Mais de 100 mil pessoas ocuparam a praça do Sol, em Madrid, na noite desta 5ª feira. Protestos tomaram as ruas de outras 80 cidades do país. As centrais sindicais exigem um plebiscito para definir o futuro da sociedade e da economia. O governo conservador de Mariano Rajoy já não comanda; o Palácio de Moncloa está sob intervenção dos homens de negro de Bruxelas, centuriões dos credores. O que as ruas de Madrid estão dizendo é que os espanhóis querem o Estado de volta, para defendê-los contra a irracionalidade dos mercados; não como aguilhão para dilapidá-los. Eis uma agenda universal."
(Carta Maior; Sábado/21/07/2012)
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