Por Fernando Grecco
"Há riqueza bastante no mundo para as necessidades do homem, mas não para a sua ambição." (Mahatma Gandhi)
O modelo de “desenvolvimento” imposto pelo capitalismo é sabidamente insustentável do ponto de vista do respeito ao meio ambiente e à própria manutenção da vida na terra. O consumo estonteante a que assistimos na atualidade é a ave de rapina de um desenvolvimento que seja menos hostil aos nossos recursos naturais e garanta, para o futuro, a oportunidade das novas gerações suprirem suas necessidades capitais. Muito se tem propagado sobre as teses do “aquecimento global”, “camada de ozônio”, ou da necessidade em se reciclar latas de alumínios e outros objetos de uso popular como sendo medidas fundamentais e exclusivas na preservação do planeta. Infelizmente, a ingenuidade ainda é muito grande.
Parte da responsabilidade por essa ignorância é nutrida pelas nossas universidades, quase sempre enclausuradas em métodos arcaicos de ensino, imersas em utopias aloucadas, obsoletas e supérfluas. A liquidante maioria dos cursos de graduação, sobretudo em ciências humanas e exatas, ainda não diluíram nas suas grades a problemática ambiental. Dessa forma, persistem em “formar” profissionais despreparados, aqueles que darão continuidade a um sistema organizacional cujo único propósito é gerar degradação ambiental e concentração excessiva de renda.
Urge constatar que a educação ambiental, sendo ela uma ciência multidisciplinar, primeiramente deveria se encarregar de mostrar à sociedade que o nosso modelo econômico está errado, pois é insustentável. Ao lado das injustiças crônicas que esse modelo suscita, ele se calca em um propósito de lucro que a terra, com seus limitados recursos, não pode suportar. Segundo os últimos relatórios da rede WWF, se cada cidadão do planeta adotasse para si o modelo de consumo de um norte-americano, por exemplo, seriam necessários quatro planetas e meio para dar suporte a esse padrão. Ou seja, seria o derradeiro do planeta terra.
O sistema econômico vigente – imposto por alguns países como sendo o único e mais perfeito modelo de organização para as diversas sociedades do planeta – originou uma realidade bastante insalubre. Concebeu-se uma “educação” que se escora em teses individualistas, na busca incessante do lucro independentemente das conseqüências devastadoras ao meio ambiente que essa conduta possa ocasionar. As seqüelas desses intensos impactos são, a cada dia, mais sensíveis: corrupção, fome, moléstias diversas, injustiça social, violência e absoluta volubilidade política e econômica.
O nosso padrão de consumo é absurdo, direcionado para resultados catastróficos do ponto de vista da sobrevivência. Estamos presos a uma realidade extremamente dispendiosa e isso implica na extinção gradativa de milhares de espécies em intervalos de tempos cada vez menores. Os efeitos desse comportamento são de todos conhecidos. Se esse sistema sequer dá sustentação e conforto à maioria das pessoas atualmente, o que poderemos pensar dele com relação ao futuro? Certamente, se hoje uma massa de pessoas vive em condições precárias de existência em virtude desse mesmo sistema, seguramente no futuro será ainda pior.
A sociedade de consumo condena homens, mulheres, crianças, por fim, os mais fracos, a servirem de sustentáculo à opulência de alguns privilegiados que transcendem por séculos presos nas estruturas do poder. Paralelamente, essa sociedade promove uma destruição massiva dos recursos naturais, uma vez que a produção em larga escala remete-nos, invariavelmente, a uma degradação mais violenta do meio ambiente.
Nesse contexto, falar em educação ambiental, considerando nossa realidade opressiva, violenta e desequilibrada, é improfícuo. Não há compatibilidade entre um meio ambiente saudável, como apregoa o artigo 225 da Carta Magna, estando imerso nas garras tirânicas de um capitalismo devastador. Ele, por si só, se sustenta na degradação e na insensibilidade com relação aos recursos da terra. Dessa forma, se almejamos a continuidade da vida no planeta, é fundamental a substituição desse modelo que adotamos até então. Assim, após nos libertarmos em definitivo desse consumismo estúpido e desnecessário, talvez se fale em educação ambiental como algo realmente palpável e digno de alguma credibilidade.
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