Por Fernando Grecco
“Um político pensa nas eleições seguintes; um estadista, nas gerações seguintes...” (James Clarke)
Findado o período de festas, adentramos em ano eleitoral. De lado os axiomas vagos, as apoteoses grotescas, a erosão considerável da identidade político-ideológica da dicotomia esquerda-direita, pode-se considerar que as eleições municipais apresentam um alto grau de nitroglicerina, sobretudo quando comparadas às disputas a nível nacional. Muito embora os principais hebdomadários brasileiros apresentem seus candidatos favoritos, com discursos demagogos e calúnias dos mais diversos tipos aos opositores, ainda assim é fato que a disputa municipal consolida-se de forma mais concreta, e isso se dá, principalmente, em virtude da proximidade física dos candidatos com o eleitorado, mormente em cidades com o porte de Votorantim.
Considerando as modificações que a tessitura social de Votorantim conheceu, as eleições de 2012 representarão a chancela da população no que tange à continuidade ou não de uma política mais ousada, com vistas a um futuro mais promissor. Não houve milagres, mas as forças políticas que hoje predominam sem dúvida induziram práticas inovadoras de gestão pública, ressaltando nossos interesses sociais mais urgentes. A aliança político-partidária histórica que se concebe em torno da candidatura de Pivetta e Marcos Mâncio é produto do inegável avanço no diálogo interpartidário, da superação das crises de natureza ideológica e na busca da consolidação de políticas que irão de encontro às necessidades da população e que estão acima daquelas de origem meramente governamental.
Nosso município se modificou significativamente nos últimos dez anos. Aos poucos, as políticas pessoais estão sendo substituídas por programas que atendem o coletivo, em que pese às dificuldades desse processo de mudança, pois se trata, evidentemente, de uma problemática de natureza cultural. Experimentamos transformações intrínsecas e extrínsecas, amadurecemos, mesmo que lentamente, absorvendo as novas tendências econômicas mundiais.
Nascemos operários e hoje possuímos universidades públicas em nosso município. Notoriamente, isso é produto de uma conjuntura política complexa para ser analisada em poucas linhas, sendo mais precisa uma análise interpretativa do ponto de vista holístico a fim de nos fornecer os elementos constituintes principais desses fatos. Mas, em algumas palavras, isso expressa as diretrizes que adotamos no último decênio. Embora os problemas se avolumem na medida do crescimento da cidade, o que é perfeitamente natural em qualquer município brasileiro, Votorantim vem se ajustando aos parâmetros que norteiam uma qualidade de vida razoável aos seus habitantes, haja vista a ênfase dada à Educação, Saneamento etc.
Hoje Votorantim diverge em muito do passado. Novos horizontes se abrem com a possibilidade de uma discussão política mais concreta, conseqüência das reivindicações da sociedade que cada dia mais se torna organizada, politizada, cônscia de seus direitos e deveres constitucionais. Portanto, como se dará os processos eleitorais daqui por diante? Persistiremos no amadurecimento político, social, cultural, como conseqüência evidente de um processo de evolução moral e ética? Ou nos aventuraremos em embarcações pouco ousadas e com práticas políticas que denotam exclusivamente o retrocesso e o coronelismo?
É evidente que não fugimos das imposições morais/éticas que a macroeconomia nos impõe, mas engendramos nossas peculiaridades, nossas práticas políticas autóctones que, como já foi mencionado em artigos anteriores, se não serviram para nos livrar das garras tirânicas de um capitalismo devastador, ao menos tornaram nossa realidade bem menos árdua se comparada a de outros municípios. Embora inseridos em um sistema econômico mundial que gera miséria, violência, stress social, degradação de natureza ambiental, enfim, um sistema que motiva práticas antropocêntricas alicerçadas na indiferença em relação à condição humana, ainda assim conseguimos aliviar nossas tensões sociais com um esforço muitas vezes sobre-humano.
Acreditamos que atualmente a sociedade votorantinense está apta para discernir os diferentes momentos históricos que atravessamos e, guardadas as proporções devidas, terá perceptibilidade suficiente para distinguir as práticas políticas hoje adotadas daquelas antigamente aplicadas. Assim, Votorantim adentra o ano eleitoral com a solidez edificada ao longo dos anos. Dentro dessa realidade, sem dúvida podemos eleger representantes reais dos diferentes grupos que compõem a sociedade.
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