sábado, 26 de janeiro de 2013

O que esperamos da imprensa?*

      Por Fernando Grecco
      Discursa-se, atualmente, a necessidade de se criar determinado pluralismo na imprensa brasileira, dado seu caráter conservador, partidário e, muitas vezes, com sérias tendências à mentira e à conspiração. A imprensa no Brasil nasceu tarde, como as universidades, a liberdade religiosa, os livros e a “independência” política. Tudo isso, evidentemente, é fruto de uma política secular de concentração de renda, que massificou o analfabetismo e contribuiu de todas as formas para o nosso atraso político, econômico, social e cultural.
     Assim, nossos meios de comunicação padecem da influência negativa dos grandes grupos econômicos, modulando comportamentos e aculturando gradativamente a juventude. O resultado disso é inevitável: um expressivo conglomerado de homens e mulheres completamente alienados, desprovidos na essência de qualquer senso crítico e incapazes, em sua maioria, de esboçar qualquer reação frente a um sistema econômico canibalesco.
    As diversas tentativas de se engendrar um jornalismo que esteja ao menos desvinculado do poder econômico são, por demais, bem aceitas. Alguns periódicos de circulação nacional, raras exceções em um País onde prevalece o mau gosto, merecem destaque pela abordagem crítica que se propõem a fazer, uma vez que fogem do cinismo demagogo que contamina as diversas redações que conhecemos.
      Trazendo para nossa realidade, o que esperamos da Gazeta de Votorantim é um hebdomadário que vá além da informação cotidiana da cidade, aprofundando-se nos problemas de natureza social e dissecando sem censura todas as nossas deformidades enquanto sociedade que engatinha para um nível cultural um pouco mais satisfatório.
     Votorantim, apesar de algumas intempéries políticas, anseia desenvolvimento. Podemos redesenhar nosso papel, muito embora tenhamos sido oprimidos, ao longo da história, pelos conhecidos interesses da classe dominante. Nosso desenvolvimento social não pode se limitar à boa vontade de qualquer governo, mas deve ser o produto da sinergia de uma sociedade que foca unicamente ao bem coletivo.
       Confiar, sem deixar de lado o senso crítico, que a imprensa da cidade pode contribuir sobremaneira para alimentar na mente e nos corações dos homens uma ideologia que busque, no mínimo, atender a todas as nossas demandas, parece bastante pertinente. Dessa forma, aspiramos à evolução. Ao crescimento que não se limita à economia, mas àquele que se refere ao desenvolvimento humano calcado em sólidos valores sociais.
        A imprensa, nesse caso, pode optar pela neutralidade ou, quiçá, ser a propulsora dessa reforma moral que há décadas necessitamos.

*Publicado no jornal Gazeta de Votorantim em 26/01/2013.

Nenhum comentário:

Postar um comentário