sábado, 23 de março de 2013

A utilidade das redes sociais*

                 Por Fernando Grecco
               Com a difusão das redes sociais foi possível observar (mais uma vez) o baixo nível intelectual da sociedade brasileira, especialmente em cidades interioranas como Votorantim. Analisando os comentários, frases de efeito, fotos etc. que diariamente poluem as páginas da internet, vislumbramos um espetáculo de idiotices de todos os gêneros. Não há limites para o mau gosto, para a piada sem graça e para comentários políticos que são dignos de pena.
                Um elevado percentual de postagens refere-se a novelas, futebol, BBB e a frases de auto-ajuda de gosto bastante duvidoso. Política, quando se fala, é com intuito de propagar as mesmices que ouvimos nas ruas. Nada de novo, pelo contrário, é tudo piorado já que a tecnologia nos permite ocultar a face e a verdadeira identidade. Lamentável. Se um dia acreditamos que a tecnologia facilitaria o contato com a ciência, robustecendo o espírito crítico e o nível cultural da população, isso se limitou à teoria.     
                Às mulheres atraentes, esboçadas em academias, as redes sociais funcionam como um palco para exibicionismos baratos. Não há limites para a vulgaridade e baixeza humana, para a necessidade suprema em ser notada, observada, desejada e comentada. A isso, boa parte das pessoas dedica-se horas de suas vidas em um narcisismo infantil, frustrado e desprovido de qualquer sensualidade. Aos homens, cada dia mais alienados e limitados, só existe futebol, mulher e cerveja. A caracterização masculina, instintiva, perdeu o sentido, deu lugar a um modelo tão caricato que a essência masculina não mais se reconhece.  
               Imaginamos uma sociedade que utilize a facilidade da comunicação via internet para se voltar única a exclusivamente aos nossos problemas essências. Fome, miséria, violência, racismo, doenças e degradação ambiental. Discussão política ideológica, senso crítico, não aceitação, rebeldia, justiça social, liberdade. Não reconhecemos esses temas nas redes sociais. Eles são, por sua vez, tão estranhos à maioria da juventude que perderem inteiramente o sentido. Nessas circunstâncias, resta-nos acreditar, somente, que o futuro será ainda mais sombrio se comparado ao presente... 

* Artigo publicado no jornal Gazeta de Votorantim em 23/03/2013

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