sábado, 16 de março de 2013

Adeus, coronel*

Por Fernando Grecco
O líder bolivariano está morto. Vivo, porém, nos corações e mentes daqueles que compreenderam o verdadeiro significado de sua luta. Com ele, talvez o sonho de liberdade de um socialismo peculiar, moldado à realidade de uma América corroída por séculos de exploração econômica, fosse algo tangível. Chávez era autêntico, seu discurso excitava e provocava os mais primitivos instintos revolucionários. Hoje assistimos ao povo venezuelano em prantos. Lágrimas de pessoas que acreditaram na mudança, no fim da opressão das oligarquias e nas palavras e ações de um líder que entra para a história.
Audacioso, Chávez era fascinante. Sua autoridade militar simbolizava a concretude de suas ações e sua sensibilidade social evidenciava um novo pensamento, aquele que se volta aos mais necessitados, às crianças e velhos de um continente que, até o presente momento, serviu de modo leniente a interesses imperialistas. A Venezuela chora, não por mais um caudilho, mas por um líder que soube compreender a sua real necessidade e todo o peso da opressão norte-americana no lombo dos trabalhadores.
O tempo jamais apagará um amor quase incondicional de um povo miserável a um presidente aguerrido, que falava sua língua e compreendia suas aflições. Por mais que a extrema-direita prossiga em seu intuito de demonizar Chávez, a história haverá de absolvê-lo das mais variadas injúrias e perseguições a que um presidente esteve submetido. Não serão os proprietários dos meios de comunicação da América Latina, fascistas sem escrúpulos, golpistas e assassinos, que apagarão uma história revolucionária de luta contra tudo aquilo que contribuiu para nossa eterna escravidão. 
Não serão a Globo ou a Veja, especialistas na arte da mentira, que desconstruirão aquilo que o povo venezuelano consolidou através de seu comandante. Não serão embustes, calúnias e infâmias de autocratas da imprensa mundial que jogarão na lata de lixo da história o esforço e o caráter da revolução bolivariana. Será, sim, a partir da consciência daquele povo que o pensamento chavista permanecerá vivo. E, a cada momento de dificuldade, o venezuelano saberá a autoridade que lhe foi confiada e a extensão de sua luta. 
O coronel deixa a vida para adentrar a história. Serviu-nos das armas necessárias para a resistência e principalmente nos fez acreditar em uma nova realidade, onde o capitalismo, essa cama de espinhos, aos poucos daria lugar a uma sociedade mais livre, humana e fraterna. Chávez morreu, mas a utopia da liberdade sobreviverá enquanto o sistema econômico prosseguir no seu intuito maligno de fazer vítimas pelo mundo afora...

* Artigo publicado originalmente no jornal Gazeta de Votorantim em 16/03/2016

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