Por Fernando Grecco
A imprensa brasileira, por esses dias, esmerou-se (mais uma vez) na arte da mentira, do mau gosto e da verborragia. Patrocinada por tucanos, democratas e afins, a mídia propagandeou a passagem da blogueira Yoani Sánchez como sendo um episódio de grande relevância política. Não entraremos nos méritos de Yoani, nem mencionaremos o fato de correntes políticas ligadas ao anticastrismo estarem patrocinando os palavrórios da blogueira. O que mais chama a atenção, nesse caso, é a atenção dispensada quando o assunto é Cuba.
A ala mais retrógrada do Congresso recebeu Yoani com honrarias. Não assistimos, até hoje, tucanos e democratas receberem com o mesmo entusiasmo militantes das redes sociais que se preocupam com a questão da fome no mundo. Tampouco presenciamos a preocupação desses parlamentares quando o assunto é a República Democrática do Congo, Serra Leoa, Níger ou Suazilândia. Países que vivem na extrema pobreza, com aproximadamente um terço da população contaminada pela Aids, onde a taxa de mortalidade infantil alcança quase 150 a cada mil nascimentos. Regiões paupérrimas onde a expectativa de vida gira em torno de 46 anos, onde as guerras e as pestes compõem um cenário sombrio de desgraça e desilusão.
Até o momento, nenhum desses parlamentares reconheceu os avanços sociais de Cuba. Não ousam citar que lá a expectativa de vida é maior se comparada a dos EUA, que 99,8% da população da ilha é alfabetizada e a mortalidade infantil é uma das menores do mundo. Isso, a canalha reacionária deixa bem longe dos noticiários. Preferem a defesa de interesses e valores norte-americanos a uma análise concreta da realidade social de um país que se transformou profundamente a partir de uma revolução de caráter socialista.
Ao lado da blogueira e de tudo que ela representa, observamos todos aqueles que simbolizam o que há de pior na política brasileira. Geraldo Alckmin, Álvaro Dias, Ronaldo Caiado, Jair Bolsonaro, Aécio Neves, Onyz Lorenzoni e outros da mesma estirpe que pousam de republicanos, paladinos da moralidade e da ética, e na verdade só contribuem de forma incisiva para a perpetuação da mentira, da aculturação e da lavagem cerebral da população brasileira.
Essa incoerência atenta contra a inteligência humana, alimentando uma “ideologia” política que nunca contemplou as nossas necessidades. Embora sabidamente defensores de interesses das classes dominantes, no mínimo um caráter disfarçadamente iluminista traria um pouco de credibilidade a alguns desses discursos. Algo está errado com esses parlamentares que tanto condenam a “opressão” de determinados regimes, suavizando ou omitindo a carnificina que o sistema econômico (que eles são defensores) perpetra pelo mundo.
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