Por Fernando Grecco
A
morte da ex-premiê britânica, Margareth Thatcher, infelizmente não representa a
morte do pensamento neoliberal, ora tão bem representando por sua gestão e enraizado
nas práticas políticas das últimas três décadas. É com revolta que a classe
trabalhadora britânica se recorda do perfil político da “Dama de Ferro”,
definido e modulado não somente pela Guerra das Malvinas, mas principalmente
pela ortodoxia econômica que se resumiu a privatizações e extinção de conquistas
sociais relativamente importantes dos trabalhadores.
Após
o turbulento período de crise petroleira internacional no governo de Edward
Heath e agitações sociais durante a gestão de James Callaghan, Thatcher assume
a década de 1980 e impõe uma política que conflita constantemente com
interesses sociais dos trabalhadores. A rendição incondicional ao capital
privado dá inicio a uma era horripilante de tensões e injustiças sociais que
marcam um período conturbado pouco antes da queda do socialismo real no leste
europeu.
Propulsora
de um maléfico rearranjo econômico, a influência britânica não tarda a
conquistar governos elitistas da América Latina. A iniciar pelo Chile, do
déspota assassino Augusto Pinochet, os países latinos iniciam processos de
esfacelamento do patrimônio público com privatizações, abrindo a economia e
obrigando a uma concorrência desigual com o mercado norte-americano e europeu,
onde a política de subsídios promoveu desequilíbrios de todas as ordens.
Em
terras brasileiras, as medidas antipopulares do neoliberalismo de Thatcher
foram bem absorvidas por Fernando Collor e, pouco depois, pelo “príncipe dos
sociólogos”, Fernando Henrique Cardoso. Não diferente de outros países, por
aqui as medidas serviram para atrasar nosso desenvolvimento social e criar um
ambiente propício para uma especulação financeira sem precedentes.
Assim,
o legado de Thatcher e seus asseclas é incontestavelmente negativo para a
classe trabalhadora mundial. Seu propósito, único, foi lutar incessantemente
pelo fim do bem-estar social, dos direitos básicos dos seres humanos em
detrimento do favorecimento das grandes corporações e instituições financeiras.
Devemos a Thatcher e seus postulantes, todas as intempéries econômicas de um
sistema que, invariavelmente, opta sempre por descarregar o prejuízo nas
classes menos favorecidas.
*Artigo publicado originalmente no jornal Gazeta de Votorantim em 13 de abril de 2013.
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