domingo, 14 de abril de 2013

A rainha do mercado*

      Por Fernando Grecco
   A morte da ex-premiê britânica, Margareth Thatcher, infelizmente não representa a morte do pensamento neoliberal, ora tão bem representando por sua gestão e enraizado nas práticas políticas das últimas três décadas. É com revolta que a classe trabalhadora britânica se recorda do perfil político da “Dama de Ferro”, definido e modulado não somente pela Guerra das Malvinas, mas principalmente pela ortodoxia econômica que se resumiu a privatizações e extinção de conquistas sociais relativamente importantes dos trabalhadores.
   Após o turbulento período de crise petroleira internacional no governo de Edward Heath e agitações sociais durante a gestão de James Callaghan, Thatcher assume a década de 1980 e impõe uma política que conflita constantemente com interesses sociais dos trabalhadores. A rendição incondicional ao capital privado dá inicio a uma era horripilante de tensões e injustiças sociais que marcam um período conturbado pouco antes da queda do socialismo real no leste europeu.
   Propulsora de um maléfico rearranjo econômico, a influência britânica não tarda a conquistar governos elitistas da América Latina. A iniciar pelo Chile, do déspota assassino Augusto Pinochet, os países latinos iniciam processos de esfacelamento do patrimônio público com privatizações, abrindo a economia e obrigando a uma concorrência desigual com o mercado norte-americano e europeu, onde a política de subsídios promoveu desequilíbrios de todas as ordens.
  Em terras brasileiras, as medidas antipopulares do neoliberalismo de Thatcher foram bem absorvidas por Fernando Collor e, pouco depois, pelo “príncipe dos sociólogos”, Fernando Henrique Cardoso. Não diferente de outros países, por aqui as medidas serviram para atrasar nosso desenvolvimento social e criar um ambiente propício para uma especulação financeira sem precedentes.
   Assim, o legado de Thatcher e seus asseclas é incontestavelmente negativo para a classe trabalhadora mundial. Seu propósito, único, foi lutar incessantemente pelo fim do bem-estar social, dos direitos básicos dos seres humanos em detrimento do favorecimento das grandes corporações e instituições financeiras. Devemos a Thatcher e seus postulantes, todas as intempéries econômicas de um sistema que, invariavelmente, opta sempre por descarregar o prejuízo nas classes menos favorecidas.

*Artigo publicado originalmente no jornal Gazeta de Votorantim em 13 de abril de 2013.

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