sexta-feira, 5 de julho de 2013

Reforma política

Por Fernando Grecco
O plebiscito anunciado com o objetivo de conter os ânimos demonstra, em determinado grau, o interesse do governo em atender as novas demandas que brotam no seio de uma sociedade ainda confusa, com fortes tendências à direita e à reação, mas que, com toda dificuldade, começa a visualizar a necessidade de mudanças. Em meio a manifestações que se perderam em seu direcionamento, a resposta oficial de certa forma atende ao clamor contra a corrupção, uma vez que esse item, geralmente conceituado de modo equivocado e oportunista, seria frontalmente atingido com uma reforma política profunda e radical.
Havemos, no entanto, de destacar alguns pontos cruciais que podem realmente alterar o quadro político brasileiro, ora tão desgastado nas suas estruturas partidárias e nas figuras que se eternizam no poder. Assim, é primordial que se coloque em pauta o financiamento público de campanha, o fim das coligações proporcionais, o voto em lista, e, quem sabe, a não obrigatoriedade do voto, o que fortaleceria as tendências mais à esquerda que estivessem realmente compromissadas com mudança de natureza social e econômica.
Dessa forma, iniciando o processo de discussão de um modelo político que contemple nossa realidade social e cultural, outros elementos serão inevitavelmente dissecados. O sistema bicameral, por exemplo, atende as necessidades no tocante à representatividade? Temos de considerar que catorze estados brasileiros, com 20% da população do País, elege maioria no Senado Federal. Reavaliaremos esses pontos?
Sem o apontamento dessas questões, corremos o risco de tudo não passar de um embuste, onde as mesmas oligarquias permanecerão presas às estruturas do poder. Quiçá a partir de uma reforma política densa, abrangente, o segundo passo não seja a tão proclamada e imprescindível revisão da problemática dos meios de comunicação. Tudo isso somado seria o abalo, talvez, das estruturas políticas retrógradas que mantiveram, até hoje, as desigualdades sociais e econômicas do País.   

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