Por Fernando
Grecco
"O verdadeiro revolucionário é movido por
grandes sentimentos de amor."
(Che Guevara)
(Che Guevara)
A miopia política da ala reacionária da população brasileira
(alimentada pela imprensa golpista) não tem sequer sensibilidade para enxergar
que os manifestos a que estamos assistindo nem de longe têm como base
primordial alguns poucos centavos na tarifa do transporte público. Trata-se, em
uma análise primeira, de uma insatisfação (ainda primitiva, porém importante)
com o modelo organizacional em que estamos encarcerados. Evidentemente, nas
revoltas populares, embora não seja o caso específico, havemos de considerar e
compreender eventuais ações de violência, uma vez que isso nada mais é do que a
manifestação natural da opressão acumulada de séculos.
Assistimos diariamente à
imprensa escrita e falada distorcer a realidade e o verdadeiro sentido das
manifestações que acontecem pelo País. O propósito dos barões da mídia, como de
costume, é blindar interesses dos grupos econômicos, e, sobretudo, do governo,
a fim de manter ad eternun a mesma
estrutura social díspar que conhecemos. Não contavam, no entanto, com a
eficácia das redes sociais que, em um intervalo mínimo de tempo, pode mobilizar
milhões de pessoas das mais diversas realidades.
Com isso, mais uma vez, a mídia
trabalha de forma contraria a legítimos interesses populares com o objetivo
pétreo de impedir qualquer tentativa de mudança no quadro social brasileiro. No
entanto, não somente criminalizam atos de manifestação como, quando necessário,
dão-lhe o caráter que lhe é conveniente, utilizando-se de imagens e falas
descontextualizadas objetivando distorcer realidades e criar outras de seu
próprio interesse.
A priori, as manifestações são
autênticas em suas exigências, cabendo uma avaliação mais arguciosa sobre o
atual momento político brasileiro. Para isso, devemos nos desprender dos vícios
e preconceitos que permeiam nosso imaginário, deixando de lado as
interpretações estúpidas que a mídia tentar impor como verdades absolutas.
Desvencilhar-se do lixo midiático que se produz no País é, sem dúvida, o
primeiro passo rumo a alterações mais profundas em uma sociedade anestesiada
pela publicidade barata de oportunistas e maus-caracteres a serviço do sistema
econômico.
Quiçá, veremos movimentos da
mesma natureza no futuro, porém dessa vez direcionados a outras questões, como
a regulação da mídia, a estatização de bancos, reforma agrária, reforma
política e outros temas que podem causar bastante apreensão à elite brasileira.
No mais, é assaz prazeroso perceber que àqueles que não permitiram jamais que o
povo sobrevivesse com o mínimo de decência, hoje percebem que esse mesmo povo
pode não mais deixá-los dormir...
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