quarta-feira, 19 de junho de 2013

Sim às manifestações

                 Por Fernando Grecco
                "O verdadeiro revolucionário é movido por grandes sentimentos de amor." 
                 (Che Guevara)

                A miopia política da ala reacionária da população brasileira (alimentada pela imprensa golpista) não tem sequer sensibilidade para enxergar que os manifestos a que estamos assistindo nem de longe têm como base primordial alguns poucos centavos na tarifa do transporte público. Trata-se, em uma análise primeira, de uma insatisfação (ainda primitiva, porém importante) com o modelo organizacional em que estamos encarcerados. Evidentemente, nas revoltas populares, embora não seja o caso específico, havemos de considerar e compreender eventuais ações de violência, uma vez que isso nada mais é do que a manifestação natural da opressão acumulada de séculos.
                Assistimos diariamente à imprensa escrita e falada distorcer a realidade e o verdadeiro sentido das manifestações que acontecem pelo País. O propósito dos barões da mídia, como de costume, é blindar interesses dos grupos econômicos, e, sobretudo, do governo, a fim de manter ad eternun a mesma estrutura social díspar que conhecemos. Não contavam, no entanto, com a eficácia das redes sociais que, em um intervalo mínimo de tempo, pode mobilizar milhões de pessoas das mais diversas realidades.
                Com isso, mais uma vez, a mídia trabalha de forma contraria a legítimos interesses populares com o objetivo pétreo de impedir qualquer tentativa de mudança no quadro social brasileiro. No entanto, não somente criminalizam atos de manifestação como, quando necessário, dão-lhe o caráter que lhe é conveniente, utilizando-se de imagens e falas descontextualizadas objetivando distorcer realidades e criar outras de seu próprio interesse.   
            A priori, as manifestações são autênticas em suas exigências, cabendo uma avaliação mais arguciosa sobre o atual momento político brasileiro. Para isso, devemos nos desprender dos vícios e preconceitos que permeiam nosso imaginário, deixando de lado as interpretações estúpidas que a mídia tentar impor como verdades absolutas. Desvencilhar-se do lixo midiático que se produz no País é, sem dúvida, o primeiro passo rumo a alterações mais profundas em uma sociedade anestesiada pela publicidade barata de oportunistas e maus-caracteres a serviço do sistema econômico.
                Quiçá, veremos movimentos da mesma natureza no futuro, porém dessa vez direcionados a outras questões, como a regulação da mídia, a estatização de bancos, reforma agrária, reforma política e outros temas que podem causar bastante apreensão à elite brasileira. No mais, é assaz prazeroso perceber que àqueles que não permitiram jamais que o povo sobrevivesse com o mínimo de decência, hoje percebem que esse mesmo povo pode não mais deixá-los dormir...   

Nenhum comentário:

Postar um comentário