Iniciamos as atividades para a Semana Municipal de Meio Ambiente e o que assistimos, infelizmente, é o óbvio: o desperdício de dinheiro público em ações meramente simbólicas.
Há, de um modo geral, na maioria dos municípios brasileiros, um olhar desinteressado por parte do poder público no que concerne às questões ambientais. É plenamente possível observar que, embora o meio ambiente esteja em voga, as políticas que se voltam nesse sentido estão longe de contemplar as contendas de modo satisfatório, uma vez que se limitam a tímidas ações sem qualquer efeito prático. Aos olhos do leigo, o plantio de algumas dezenas de árvores nativas pode representar algo significativo, mas em uma análise crítica que avalie a problemática ambiental sob a ótica do sistema econômico, essas práticas, principalmente quando oriunda do poder público, beira ao ridículo e ao escárnio.
Pequenas exposições, amostras, plantio, e muita falta de interesse contemplam o calendário tosco de atividades ambientais que o “município”, ou alguns agentes desinformados, acreditam ser relevantes para a conscientização ambiental da população. Lamentável. Caberia uma prolongada reflexão sobre o despreparo, de um modo geral, dos gestores ambientais que atuam nos municípios, conduzindo a temática ambiental sob um prisma infantil, que se limita a discorrer sobre reciclagem, efeito estufa, camada de ozônio e outras obviedades que ouvimos no ensino fundamental. Infelizmente, a ingenuidade ainda é muito grande.
O “Analfabetismo Ambiental”, mencionado na Conferência sobre Educação para Todos, na Tailândia, em 1992, impera, ainda, de modo crônico em nosso município. Só assim se compreende a apatia política em relação aos diferentes setores que envolvem a causa ambiental. Embora seja possível reconhecer a vasta literatura especializada que surgiu sobre o tema nas últimas décadas, além de um avanço legal com a Política Nacional de Meio Ambiente e diversos programas de educação ambiental, por aqui ainda reina uma simplicidade que se confunde bastante com despreparo.
Bem mais do que discursos e feirinhas vulgares, precisamos conscientizar a sociedade sobre o modelo de desenvolvimento econômico insano que estamos alimentando, onde os padrões de consumo insustentáveis levam, invariavelmente, às enfermidades mais cruéis imagináveis: colapso ético e moral, corrupção, erosão cultural e a completa corrosão de valores humanísticos. Afugentamos o campo e as cidades estão superpovoadas, alagadas por problemas crônicos como desemprego, analfabetismo, miséria, fome, prostituição e violência. E o poder público municipal, onde está? Organizando eventos fúteis cujo único objetivo é desperdiçar brutalmente os escassos recursos financeiros da municipalidade? É necessária uma mudança radical de paradigma.
Urge, atualmente, um relativo preparo para o exercício público. Foi-se o tempo em que a política apadrinhava tudo e todos, independentemente de capacitação técnica, moral ou mesmo legal para determinadas funções. Enquanto o planeta tende a evoluir nesses novos conceitos de gestores públicos, a localidade regride, caminhando ininterruptamente com destino ao abismo político, social, cultural, econômico e, principalmente, ambiental.
*Publicado em 14/09/2013 no jornal Folha de Votorantim (edição 4.225)
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