“A juventude está sozinha e não há ninguém para ajudar a explicar por que é que o mundo é este desastre que aí está...” (Renato Russo)
Segundo relatório da Organização Internacional do Trabalho (OIT), aproximadamente 73,4 milhões de jovens estarão desempregados no ano de 2013. Esses índices, fatalmente, são um convite à delinquência e ao crime que se fertiliza principalmente nas grandes cidades. Sabidamente, a juventude, como toda faixa etária, é vítima de um sistema econômico que vende fantasias, mas de forma paralela segrega, explora e dilacera sonhos de crescimento pessoal, negando à grande maioria o mínimo necessário para a sua sobrevivência.
As crises estruturais do capitalismo evidenciam que o sistema chega à sua saturação, não havendo antídoto capaz de transformar a economia a ponto de humanizá-la. O fato é que a humanidade não suporta o crescimento demográfico que vem sofrendo, e o resultado nefasto disso é o desemprego massivo entre os jovens, as desigualdades sociais, violência de todos os gêneros, uma grande crise de natureza ética e moral, vícios, exasperação da concorrência desumana e, sem dúvida, uma erosão cultural sem precedentes.
Em meio a essa enchente de problemas, a juventude se vê diante de dilemas e barreiras que dificilmente conseguirá transpô-las. Naturalmente, ela se perde na bifurcação entre o justo e o injusto, o legal e o ilegal, estando constantemente à mercê das perversões mais insanas que, muito longe de agregar-lhe experiências, conduzirão para o caminho prático do crime. A partir disso, toda a sociedade paga o elevado preço da violência urbana como produto genuíno da exclusão e da marginalização social da parcela mais vulnerável da população.
De todas as injustiças e tiranias do capitalismo, dificilmente encontraremos algo mais desumano do que lançar a juventude no ostracismo, recusando a ela aquilo que lhe é naturalmente de direito: o crescimento pessoal como forma de afirmação de sua identidade. Impedir essa maturação instintiva é denegar ao jovem qualquer possibilidade dele, no seu entusiasmo próprio da idade, alterar nossa hostil realidade política, econômica, social, sexual, religiosa e cultural.
Sem essas oportunidades e sem referências, a juventude caminha desorientada para um destino improvável, obscuro e sombrio. Nada pode esperar do sistema econômico e daqueles que o dirigem, pois a classe dominante, nas palavras do filósofo irlandês Rob Riemem, não pode resolver a crise, porque ela é a crise.
*Artigo publicado na edição de outubro do jornal da Apevo.
*Artigo publicado na edição de outubro do jornal da Apevo.
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