“A argila fundamental de nossa obra deve
ser a juventude...” (Che Guevara)
Por Fernando Grecco e Gabriel Soares
A juventude brasileira padece da
mais rigorosa de todas as enfermidades: a letargia política. Pior, ela está
anestesiada e naufraga diariamente em um terreno de solo deteriorado, cujos
componentes direcionam para uma aculturação tamanha que certamente trará sérios
reflexos no futuro. Foi assim no passado com a “geração jovem guarda”, e será
bem mais grave no futuro com a geração das redes sociais. Hoje, nem aquele
romantismo literal, típico dessa fase pueril, distingue a juventude do resto da
população. A realidade é preocupante.
Observamos essa conjuntura levando
em consideração diversos fatores sociais, dentre os quais a aversão à política
e a questões socioambientais, a vulgarização da vida sexual cotidiana, a
cristalização de um conservadorismo reacionário, o mau gosto musical e o imenso
desprezo pela literatura e pelas ciências de um modo geral. Soma-se a isso a
apatia das nossas universidades, enclausuradas em metodologias arcaicas de
ensino, contribuindo muito para um circulo vicioso que produz anualmente levas
e mais levas de alienados que não conseguem sequer questionar o sistema.
Com isso, os problemas estruturais
se agravam dia a dia como o desemprego, a violência urbana, a prostituição como
produto da miséria, o vício, e o sepultamento de uma geração por completa
entregue ao fracasso. Nesse aspecto, havemos de ressaltar que qualquer medida
que não atinja a essência desse problema (educacional), que não vá realmente de
encontro às origens dessa deformação, não passará de um paliativo sem qualquer
resultado prático que nos interesse. O sistema não tem que ser reformado, mas
sim alterado em suas estruturas principais de modo a se conceber um novo
pensamento e uma nova forma de relação organizacional da sociedade.
O aprimoramento das ferramentas
pedagógicas com a evolução tecnológica não conseguiu superar, infelizmente, o
propósito perverso dos meios de comunicação em promover a alienação da
juventude a fim de afastá-la das discussões de temas realmente relevantes.
Assim, a massificação do pensamento é um dos maiores crimes a que assistimos
contra aqueles que têm por obrigação a tarefa árdua de alterar toda nossa
concepção errática de mundo. Como mudar
essa realidade tão incrustada em nosso meio? Somente com uma educação voltada à
libertação que vise à revisão de valores que tocam ao respeito e à dignidade
humana, bem como promova um pensamento claro o suficiente para a condenação
impetuosa e incontestável do sistema econômico e de suas consequências
desumanas para a sociedade.
Sem isso, fatalmente iremos
prosseguir reprimidos por uma estrutura social que não permite mobilidades, que
vende sonhos e fantasias, mas limita ao extremo a liberdade de crescimento
pessoal em todas as suas dimensões. Sem uma revisão profunda nas práticas
pedagógicas e nos parâmetros curriculares, viabilizando um pensamento social
mais arrojado com vistas à superação das diferenças, permaneceremos confinados
dentro de um universo morto, onde a atrofia mental é pressuposto básico para a
sobrevivência.
Fernando
Grecco é articulista político (www.fergrecco.blogspot.com). Gabriel
Soares é estudante de Direito e vice-presidente do centro acadêmico da
Universidade de Sorocaba (gabrieluniso@hotmail.com).
* Artigo para edição da Folha de Votorantim de 22/10/2013.
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