A
partir das entrevistas dos ex-prefeitos Jair Cassola e Carlos Augusto Pivetta, cedidas
à TV Votorantim há poucas semanas, evidenciam-se as diferenças profundas entre
as lideranças políticas da cidade, inclusive considerando também o atual chefe
do Executivo e por que não mencionar o nome de Marcos Mâncio, liderança que
podemos reconhecer expressiva para a conjuntura política local.
Embora esteja comprovado que os percalços
administrativos enfrentados no passado em nada se diferenciam da atualidade –
uma vez que são problemas, de um modo geral, estruturais e não políticos –,
ainda assim vem se materializando a tese de que a cidade empreendia, até o
findar do ano passado, um ritmo de desenvolvimento que era compatível e bem
aceito dentro de nosso contexto econômico-social. Houve, com a sucessão
governamental, uma ruptura e um redirecionamento da logística operacional.
Dessa forma, havemos de considerar
algumas diferenciações que devem ser observadas, como, por exemplo, a
sensibilidade política de compreender que o município está muito longe de se
desenvolver unicamente com sua arrecadação, fazendo-se mais do que necessários
convênios que permitam a transferência de recursos do governo federal e
estadual, principalmente em setores de infra-estrutura, habitação, saúde e
educação. Vencida essa primeira etapa de busca de recursos, é preciso que haja
eficiência e eficácia administrativa para se desenvolver sem desperdícios
absurdos como aos que assistimos até a promulgação da Lei Complementar 101, que
estabeleceu normas de finanças públicas voltadas para a responsabilidade.
Essa caracterização mencionada no
parágrafo anterior pode ser um dos primeiros quesitos fundamentais para
compreender o hiato existente entre as lideranças políticas de Votorantim que,
nem de longe, se aproximam em termos de perfil gerencial. E mais, os grupos que
orbitam em torno de cada liderança deveriam ser avaliados igualmente pela
sociedade, pois são esses agentes políticos de bastidores que comporão os
diversos escalões e serão fatores determinantes para o sucesso ou fracasso
administrativo do governo. Em alguns casos bem conhecidos em Votorantim, a
insuficiência acadêmica e a indigência cultural contribuem diretamente para o
retrocesso de setores importantes da municipalidade.
Com
isso, podemos concluir que a embaraçosa economia globalizada não permite que
somente o perfil político direcione as atividades públicas, sendo imprescindível
um corpo técnico tão especializado como aqueles que encontramos nas grandes
corporações. O objetivo, dessa forma, é gerir os recursos financeiros e o
patrimônio público levando em consideração complexas questões culturais, socioambientais
e econômicas, o que, na prática, é uma tarefa por demais abstrusa.
Por
fim, também nesse campo acadêmico, há diferenças abissais principalmente entre
os asseclas dessas lideranças, cabendo comparativos (sempre de maneira
contextualizada) que podem fomentar o debate crítico, o que parece ser bastante
infrequente em nossa cidade que, infelizmente, padece de um atraso cultural
bastante significativo.
* Artigo publicado no jornal Gazeta de Votorantim em 19/10/2013.
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