sábado, 19 de outubro de 2013

Votorantim e suas lideranças*

   A partir das entrevistas dos ex-prefeitos Jair Cassola e Carlos Augusto Pivetta, cedidas à TV Votorantim há poucas semanas, evidenciam-se as diferenças profundas entre as lideranças políticas da cidade, inclusive considerando também o atual chefe do Executivo e por que não mencionar o nome de Marcos Mâncio, liderança que podemos reconhecer expressiva para a conjuntura política local.
   Embora esteja comprovado que os percalços administrativos enfrentados no passado em nada se diferenciam da atualidade – uma vez que são problemas, de um modo geral, estruturais e não políticos –, ainda assim vem se materializando a tese de que a cidade empreendia, até o findar do ano passado, um ritmo de desenvolvimento que era compatível e bem aceito dentro de nosso contexto econômico-social. Houve, com a sucessão governamental, uma ruptura e um redirecionamento da logística operacional.  
   Dessa forma, havemos de considerar algumas diferenciações que devem ser observadas, como, por exemplo, a sensibilidade política de compreender que o município está muito longe de se desenvolver unicamente com sua arrecadação, fazendo-se mais do que necessários convênios que permitam a transferência de recursos do governo federal e estadual, principalmente em setores de infra-estrutura, habitação, saúde e educação. Vencida essa primeira etapa de busca de recursos, é preciso que haja eficiência e eficácia administrativa para se desenvolver sem desperdícios absurdos como aos que assistimos até a promulgação da Lei Complementar 101, que estabeleceu normas de finanças públicas voltadas para a responsabilidade.
   Essa caracterização mencionada no parágrafo anterior pode ser um dos primeiros quesitos fundamentais para compreender o hiato existente entre as lideranças políticas de Votorantim que, nem de longe, se aproximam em termos de perfil gerencial. E mais, os grupos que orbitam em torno de cada liderança deveriam ser avaliados igualmente pela sociedade, pois são esses agentes políticos de bastidores que comporão os diversos escalões e serão fatores determinantes para o sucesso ou fracasso administrativo do governo. Em alguns casos bem conhecidos em Votorantim, a insuficiência acadêmica e a indigência cultural contribuem diretamente para o retrocesso de setores importantes da municipalidade.
   Com isso, podemos concluir que a embaraçosa economia globalizada não permite que somente o perfil político direcione as atividades públicas, sendo imprescindível um corpo técnico tão especializado como aqueles que encontramos nas grandes corporações. O objetivo, dessa forma, é gerir os recursos financeiros e o patrimônio público levando em consideração complexas questões culturais, socioambientais e econômicas, o que, na prática, é uma tarefa por demais abstrusa.
   Por fim, também nesse campo acadêmico, há diferenças abissais principalmente entre os asseclas dessas lideranças, cabendo comparativos (sempre de maneira contextualizada) que podem fomentar o debate crítico, o que parece ser bastante infrequente em nossa cidade que, infelizmente, padece de um atraso cultural bastante significativo.

* Artigo publicado no jornal Gazeta de Votorantim em 19/10/2013.

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