quarta-feira, 1 de maio de 2013

A luta faz a lei

Por Fernando Grecco
“A massa não é apenas objeto da ação revolucionária; é, sobretudo, sujeito.” 
(Rosa Luxemburgo)
  
  A classe trabalhadora, ao longo de sua história, experimenta todos os dissabores da opressão, da perseguição política dos detentores do poder econômico e conseqüentemente dos meios de produção. O trabalhador padece às agressões de uma burguesia devoradora, tão ávida por lucro e tão disposta a explorar como a nobreza feudal. Assim, todas as conquistas trabalhistas se sucederam na seqüência e em virtude de derramamento de sangue, assassinatos e violência de todas as ordens. Hoje, o pouco que se conquistou, devemos a alguns trabalhadores que abdicaram de suas vidas em prol de uma causa universal, única, que tanto incômodo ainda causa à classe dominante.
  Ao longo dos últimos três séculos, com a consolidação de ideários que abarcaram a classe trabalhadora, assistimos à criação de estruturas sindicais que afrontaram diretamente aos interesses patronais. As agitações sociais pelo mundo permitiram grandes avanços em políticas sociais para os trabalhadores e, alguns processos revolucionários, que simbolizaram de modo universal a grandiosidade do movimento operário, ainda hoje despertam o fascínio e a admiração da esquerda mundial. Não obstante, os maiores trabalhos acadêmicos sobre economia exaltaram a classe trabalhadora e destacaram sua relevância histórica e política para o desenvolvimento econômico e social da humanidade.
  Em meio ao constante conflito de interesses que o sistema econômico impõe à humanidade, a classe trabalhadora tem seu papel bem definido na economia, na sociedade e na política. Ela é, para Marilena Chauí, a vendedora da força de trabalho, onde a economia, principalmente, determina a sua existência e delimita seu lugar na história. Assim – embora a evolução dos conceitos de natureza trabalhista propicie novas explanações sobre a divisão social – os postulados marxistas ainda se apresentam como expressões genuínas de verdades incontestáveis.
  Ao longo da história de luta das entidades sindicais, observou-se que toda reação conservadora, resumida em golpes, perseguições e assassinatos, pautou-se pelo temor evidente a mudanças estruturas na forma em que a sociedade se organiza. Na explosão das massas não é diferente. Os séculos de opressão que se acumulam naturalmente alimentam a revolta e os compreensíveis excessos que se podem cometer. Dessa forma, entendemos que todo movimento político, seja de classes abastadas ou subalternas, tem como motivação principal questões relativas à economia.
  Considerando alguns (poucos) ganhos que a classe trabalhadora conquistou, devemos, hoje, congratular-nos com as entidades sindicais que lograram certo êxito em uma luta onde o preço a pagar, muitas vezes, era bastante elevado. Consideramos poucos ganhos, sim, pois a luta, na maioria das vezes, se limitou à questão salarial e a alguns pequenos ajustes, e não a alteração radical do regime de trabalho, o que de fato caracterizaria uma revolução sem precedentes na história da humanidade. A conquista de direitos foi importante, no entanto a tirania das elites permanece, até hoje, disfarçada de democracia.

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